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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Cirurgia Ortognática e ATM: qual a relação?

A história do paciente com dores faciais crônicas costuma ser típica: já peregrinou por uma uma série de consultórios, passando por profissionais de várias especialidades, sem que tenha havido consenso sobre a causa específica, e muito menos, sobre o melhor tratamento, embora a maioria indique a ATM como cerne do problema.
Por outro lado, quando o transtorno da ATM vem acompanhado de uma alteração dento-facial que requeira uma ortognática, todos apontam esse procedimento cirúrgico como a solução para todos os problemas. Será isso uma verdade?

Os transtornos da ATM correspondem a um conjunto de alterações dos componentes articulares têmporo-mandibulares, e/ ou músculos da mastigação. 
 
Estamos falando, portanto, de diferentes condições que se manifestam com sintomas semelhantes, que podem ocorrer de forma isolada ou combinada: dores faciais, ruídos articulares e limitações funcionais. Isso por si só já é um fator complicador, dificultando a compreensão da maioria dos profissionais, bem como a implantação de protocolos de tratamento.
 
Durante muito tempo, as dores miofasciais e transtornos da ATM foram atribuídos a alterações da oclusão dentária (mordida) . Assim as indicações terapêuticas para essa condição eram limitadas a modificações da mordida, seja com tratamentos de reabilitação com próteses, desgastes seletivos dos dentes, ortodontia e mesmo a cirurgia ortognática.
Os estudos na área foram se aprofundando, e surgiu uma corrente de pensamento que buscava dissociar quase por completo a oclusão dentária e os problemas da ATM.
 
Atualmente há uma posição de equilíbrio, uma vez que os estudos mais recentes demonstram que a ATM apresenta uma fisiopatologia própria, que pode incluir alterações oclusais. Sabe-se por exemplo, que condições como o bruxismo ou apertamento dentário, bem como alterações que impõem sobrecarga à ATM, podem levar a um aumento da pressão intra-articular, levando a uma isquemia (deficiência na oxigenação por déficit de circulação) dos tecidos articulares. Essa isquemia é aliviada a cada vez que há um relaxamento da musculatura. Esse ciclo de isquemia e recirculação é responsável pela produção de radicais livres que por sua vez, promovem inflamação e degeneração da ATM. Os radicais livres e mediadores inflamatórios podem ainda, degradar o ácido hialurônico, substância responsável pela lubrificação da articulação. Isso poderia gerar um maior atrito durante a movimentação do disco articular, levando à sua luxação a médio/ longo prazo.
            Na prática diária de nossa clínica, especializada em cirurgia ortognática, pudemos perceber e documentar a forte correlação entre deformidades dos maxilares  e transtornos da ATM. Dificilmente atendemos um paciente Classe II que não tenha algum grau de comprometimento da ATM, sobretudo alterações dos discos articulares. Em muitos casos, a própria disfunção da ATM é a queixa principal, que faz o paciente correr em busca da cirurgia ortognática. E é aí que entra nosso papel de dar a informação correta, bem como de indicar o melhor tratamento, prevenindo tanto frustrações do paciente com relação ao resultado, como até mesmo, a geração de um problema ainda maior.


            Se por um lado alterações da oclusão, como uma mordida em Classe II podem participar da gênese das desordens da ATM, a correção da Classe II através da cirurgia ortognática isoladamente não vai tratar o problema da ATM. Explicando melhor: é provável que anos e anos de uma mandíbula mal posicionada ou malformada tenham levado a uma situação de sobrecarga e para-função das ATMs, dando causa a alterações degenerativas. O simples fato de reposicionarmos essa mandíbula não vai fazer com que essas alterações desapareçam, regenerando os tecidos consumidos por inflamação, desgastes e remodelamentos.
            Um grupo de pesquisadores Americanos liderados pelo famoso cirurgião de Dallas, Larry Wolford, avaliou 25 pacientes com deformidade dos maxilares e deslocamento anterior de disco articular, tratados somente com cirurgia ortognática, para avanço de mandíbula. Antes da cirurgia, 36% deles tinham dor e desconforto. 

Em um acompanhamento de 2.2 anos após a cirurgia, 84% dos pacientes relataram dor na ATM, com um aumento proporcional a 70% na severidade da dor. E ainda, 25% deles desenvolveram mordida aberta por reabsorção condilar. Um agravo ou início nos sintomas da ATM ocorreu em um período de cerca de 14 meses após a cirurgia. 48% destes pacientes precisaram de cirurgia de ATM e repetição da cirurgia ortognática. 36% precisaram de um longo período de medicação e/ou terapia por splint e bandagem para controle da dor. 

Esse estudo mostra claramente o problema de se realizar somente a cirurgia ortognática em pacientes portadores de deslocamento anterior de disco. Além disso, os sintomas de recidivas ou piora só ficam claros em um período de aproximadamente um ano ou mais pós- cirurgia ortognática.
 
Portanto, o paciente deve ter clareza sobre o fato de que CIRURGIA ORTOGNÁTICA NÃO TRATA DESORDENS DA ATM. Quando muito, proporcionam uma posição mais fisiológica para os maxilares, diminuindo as parafunções.
 
Desta forma, o cirurgião deve estabelecer um protocolo sobre como lidar com os pacientes candidatos a cirurgia ortognática, que apresentam também transtornos da ATM.
 
A ATM com problemas requer tratamento próprio. Normalmente indicamos tratamento clínico para os casos afetados, podendo ou não haver a indicação de procedimentos na própria ATM em conjunto com a cirurgia ortognática, conforme cada caso especificamente. Esses procedimentos vão desde a artrocentese, uma lavagem da articulação por meio de agulhas percutâneas, até procedimentos por vídeo (artroscopia), e cirugias abertas. Alguns casos em que ocorreu destruição extensa das articulações, podem requerer a instalação de próteses articulares para o restabelecimento funcional.
 
A cirurgias modernas da ATM são realizadas por meio de incisões pequenas, de até 3 centímetros, que ficam escondidas atrás do tragus da orelha. Esses procedimentos permitem o reposicionamento e ancoragem do disco articular, sendo fundamentais para o sucesso da cirurgia ortognática a longo prazo, quando bem indicados.
 


Para concluir, cabe ressaltar que o conhecimento que temos hoje acerca da ATM e suas patologias, permite que o diagnóstico das condições que afetam a articulação seja feito de maneira mais precisa. Também permite que o tratamento seja indicado a partir de critérios objetivos, panorama bem diferente do observado dez anos atrás. Permanece, contudo, a característica de doença crônica e multifatorial, exigindo um tratamento continuado de múltiplas abordagens simultâneas.

 A cirurgia ortognática, portanto, não trata desordens da ATM. E a ATM, por sua vez, deve ser tratada para aumentar as chances de sucesso funcional da cirurgia ortognática.
 


Texto: Dr. Fábio Calandrini - www.fabiocalandrini.com


Dr. Fábio, excelente texto, complemento-o informando a todos que a ATM é uma articulação sinovial, com as mesmas estruturas de um ombro, joelho (cápsula articular, ligamentos, músculos). e pode estar sujeita às mesmas patologias destas. A Etiologia (causas) das Disfunções Crânio-Mandibulares é multifatorial, sendo as alterações oclusais uma delas. O tratamento destas disfunções muitas vezes requer interdisciplinaridade entre Fisioterapeuta, Odontólogo, Psicólogo, Fonoaudiólogo etc.. 

Atendo vários pacientes com dor (atm, cervical ouvido, orofacial) deslocamentos de disco que levam aos estalidos e clic's e em fase avançada limitação dos movimentos mandibulares. Meu tratamento inclui redução da hiperatividade da musculatura mastigatória, liberação miofascial da mesma, recuperação da biomecânica cérvico-crânio-mandibular alterada, manobras intra-orais para recaptura do disco sub ou luxado, condicionamento muscular, uso de ativador helicoidal crânio-mandibular, hiperbolóide e encaminho a um colega das especialidades acima citadas quando verifico alteração oclusal, deglutição atípica, entre outros, para que os mesmos realizem seu tratamento concomitante muitas das vezes ao meu.
 

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Fisioterapia nas Cefaléias Cervicogênicas

 
 
 
 
A coluna cervical é considerada como possível fonte de dor de cabeça, entretanto ainda existem algumas controvérsias a respeito da fisiopatogênese, quadro clínico e tratamento.
 
Cefaleia cervicogênica é toda cefaléia cuja origem tem como sede as estruturas do pescoço ou da parte baixa da cabeça - ossos, periósteo e músculos dos três primeiros segmentos vertebrais, articulações uncovertebral e intervertebral, disco, ligamentos, inervação: nervos, gânglios, raiz, incluindo a dura-máter da medula e fossa posterior e artéria vertebral de C1 a C3.
 
Assim como nas migrâneas (enxaquecas), nas cefaléias cervicogênicas pode haver queixas de náusea, vômito, irritabilidade, fono e fotofobia. Para o diagnóstico diferencial, avaliamos características específicas como Pontos gatilho, caracterizados por dor a dígito-pressão na região da emergência dos nervos occipitais maior e menor, onde no migranoso, a dígito-pressão, algumas vezes, pode também ser dolorosa, mas as características da dor são distintas das que ocorrem durante a crise. Na cefaléia cervicogênica, a compressão induz a dor, precipitando uma crise que pode persistir por dias ou cessar logo após a descompressão.

Outros fatores nos levam ao diagnóstico diferencial como, a precipitação de ataques com a movimentação cervical ou por postura persistente do pescoço. A dor da cefaléia cervicogênica pode se irradiar para ombros e braços; apresenta-se usualmente unilateral e não-pulsátil 
 
Como problemas na cervical podem causar dores de cabeça ?

Anatomicamente e fisiologicamente, a parte cervical superior das 3 primeiras raízes nervosas (localizado na C1, C2 e C3) compartilham um núcleo de dor (que sinaliza rotas de dor ao cérebro) com o nervo trigêmeo. Este nervo é o principal nervo sensorial que transmite mensagens de seu rosto para o cérebro. A parte superior das três raízes nervosas da coluna cervical enviam fibras em direção à cabeça que convergem para o núcleo trigeminal, que estão localizados no topo da medula espinhal.
 
 
Sinais e sintomas de dor de cabeça por origem cervicogenica

• Ser agravada por movimentos do pescoço ou posturas
• Pressão sobre o pescoço em sua parte superior
• Inicia na base da cabeça, onde o crânio se encontra com pescoço e se espalha para cima e ao redor da cabeça
• Sensibilidade crítica à luz (fotofobia).
• Sensibilidade ao som (fonofobia).
• Náuseas ou vômitos.
• Cabeça latejando.
• Variação de níveis de dor, sendo mais ou menos intensos, ocorrendo todos os dias.
• Dor de cabeça pode ser agravada ou iniciada pelos movimentos da cabeça ou do pescoço.
• Acentuada sensibilidade na região suboccipital.
• Em peso ou pressão ou aperto, muitas vezes simulando uma faixa ou capacete apertado em volta da cabeça;
• Habitualmente localizadas na fronte e/ou na nuca e topo da cabeça;
• De intensidade leve a moderada ou moderada, não impedindo as atividades rotineiras diárias;

Existem diversas intervenções terapêuticas para essa condição patológica, dentre elas a fisioterapia destaca-se como uma importante abordagem no controle sintomatológico. 
 
Embora a terapia manipulativa seja o tratamento de escolha da maior parte dos fisioterapeutas, os ensaios clínicos que descrevem a sua efetividade são escassos na literatura. O fato do envolvimento de diferentes regiões e tecidos relacionados a este conjunto de disfunções, deve estimular a abordagem do fisioterapeuta com técnicas manuais para os componentes articulares e miofasciais, tanto locais quanto adjacentes
 
 
 
DR. ANTONIO VIANA DE CARVALHO JÚNIOR (FISIOTERAPEUTA)
Especialista em Fisioterapia Traumato-Ortopédica
Osteopatia e Quiropraxia
Terapia Neural e Dry Needling
Tratamento de Disfunções da ATM e Algias da Coluna Vertebral

Rua Solon Pinheiro 1539, Bairro de Fátima
(85) 98845-9623 / 99955-7355
 

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Stress, ansiedade podem levar a disfunção temporomandibular

Quando existe a disfunção, o paciente apresenta sintomas, como dor de cabeça, dor de ouvido e/ou zumbidos, dor ou cansaço dos músculos da mastigação, ruídos articulares (estalos ou crepitação) e dificuldade para abrir a boca.

Os pacientes costumam relatar dor de cabeça, algumas vezes com irradiação para a face, fadiga e sensibilidade na musculatura facial relacionada à mastigação e dor de ouvido.

Diversos distúrbios psicológicos, principalmente o estresse, ansiedade e depressão, podem estar associados com a disfunção temporomandibular (DTM), agindo como importantes colaboradores para a instalação e manutenção desta disfunção. Estados e/ou traços emocionais aliados a fatores estressores de vida podem levar a hábitos disfuncionais orais e conseqüentemente à hiperatividade da musculatura mastigatória, constituindo fatores desencadeantes de dor orofacial.

Da mesma forma, reações emocionais podem favorecer a ocorrência de problemas físicos, ou seja, todo esta do físico seja de bem estar ou de padecimento, tem componentes emocionais e a maioria dos pacientes portadores de DTM tem, em algum grau, reações de adaptações inadequad as ao estresse e são estas reações que desempenham um papel importante no gerar do transtorno temporomandibular.
Aspectos psicológicos e comportamentais são forteme nte associados a DTM não apenas como componente iniciador mas também predisponente e perpetuante.

Muitos projetos de pesquisa têm sido desenvolvidos para investigar o efeito do estresse e da ansiedade e suas correlações com as parafunções do sistema mastigatório. Embora não haja condições definitivas que possam estabelecer esses mecanismos, as correlações são aceitas e os profissionais devem estar atentos às características psicológicas do paciente e selecionar apropriadamente a abordagem indicada em casos específicos.

Ansiedade, tensão, emoções negativas e frustrações causam aumento da hiperatividade muscular, redução da taxa de secreção salivar durante o sono e vigília e, consequentemente, aumento de episódios de rangido dentário durante o sono.


  Bruxismo tem maior prevalência em adultos que vivem sob tensão emocional, são hiperativos, agressivos ou apresentam personalidade compulsiva.



Verificou-se que alguns indivíduos com tensão emocional continuam a ranger os dentes mesmo com uma oclusão completamente equilibrada, reforçando a teoria comportamental.



Entre as doenças das últimas décadas, está a disfunção nas articulações temporomandibulares (DTM). Uma das suas características é a ligação ao agitado modo de vida moderno — ansiedade, estresse e tensão estão diretamente relacionados a ela e podem ser o estopim para grande incômodos, como dores, estalos na mandíbula e, em casos extremos, impossibilidade de abrir ou fechar a boca.

O tratamento é multidisciplinar. Hoje  já sabemos que o tratamento se bem conduzido por especialista da área de ATM, sejam eles dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos, os resultados são surpreendentes.


Dr. Antonio Viana de Carvalho Junior (Fisioterapeuta)
Disfunçoes da ATM e Dor Orofacial
Pós Operatório de Cirurgias Ortognáticas
Osteopatia e Quiropraxia
Terapia Neural

(85) 8845-9623 9955-7355

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Dry Needling - para dores miofasciais


A dor crônica se caracteriza por uma dor persistente que permanece após um período de tempo maior que 3 meses. Essa dor é multifatorial, ou seja, compromete diversos aspectos da vida: físicos relacionados diretamente a dor, aspectos emocionais, sociais, psicológicos e espirituais impactando na qualidade de vida dos pacientes que convivem com a dor crônica.

Uma nova técnica de fisioterapia manipulativa conhecida como "dry needling" está trazendo alívio para quem sofre de dores musculares.

  É usado por muitos fisioterapeutas como um método eficaz para o tratamento de dores musculares e tensão muscular. O procedimento é realizado com a utilização de agulhas muito finas, como as utilizadas pela acupuntura. 

Inicialmente o Dry Needling foi utilizado unicamente no tratamento de  Trigger Points, no entanto considerando os mais recentes estudos se observa-se que existem resultados consistentes no controle da dor musculoesquelética, não somente miofascial. Além disso o Dry Needling pode ser utilizado associado a eletroterapia podendo alcançar níveis ainda mais efetivos de analgesia para disfunções musculoesqueléticas.

Dry Needling miofascial, se caracteriza na inserção de uma agulha no filamento do músculo na região de um "Trigger Point '. O objetivo do Dry Needling é conseguir uma resposta de contração local para liberar a tensão e dores musculares. Dry Needling é um tratamento eficaz para a dor crônica de origem neuropática com muito poucos efeitos colaterais. Esta técnica é inigualável em encontrar e eliminar a disfunção neuromuscular que leva à dor e déficits funcionais.


 

A agulha utilizada é muito fina e a maioria dos indivíduos nem sequer a sentem penetrar na pele. Em um músculo saudável, sente-se pouco desconforto com a inserção da agulha. No entanto, se o músculo é sensível e encurtado ou há Trigger Points ativos dentro dele, o indivíduo vai sentir uma sensação como uma cãibra muscular - "a resposta de contração”.

O Dry Needling pode ser superficial ou profundo tendo aplicação a uma variada lista de disfunções musculoesqueléticas, com aplicação sobre tecido muscular, conjuntivo em neuralgias e controle da dor articular, podendo ser empregado no tratamento de diversos distúrbios musculares locais, como torcicolos, “trigger points”, síndrome miofascial, cefaléia tensional, cervicalgias, dorsalgias, lombalgias, ciatalgias.



EM FORTALEZA:

DR. ANTONIO VIANA C. JUNIOR (FISIOTERAPEUTA)

Rua Solon Pinheiro 1539, Bairro de Fátima
(85) 8845-9623 / 9955-7355

jrfisio@bol.com.br / vianajunior@antonioviana.com.br