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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Relação entre Cervicalgia e Disfunção temporomandibular

Estudos Clínicos tem demonstrado que a coluna cervical pode ser fonte de dor e disfunção na área orofacial. Por outro lado, é comum  pacientes  com DTM (disfunção temporomandibular), proveniente de alguma patologia na ATM,  apresentarem sinais e sintomas clínicos compatíveis com desordens da coluna cervical.

Uma das razões desta ligação tão íntima entre as duas partes do corpo são as fáscias. A fáscia superficial cervical, por exemplo, está ligada da cervical até o quadril posteriormente ao corpo. E anteriormente, da mandíbula até a pelve (SOUCHARD, OLIVER, 2001).

As tensões se transmitem passando de uma estrutura próxima para a mais distante ao longo de uma cadeia miofascial (ADLER, BECKERS, BUCK, 2001).

Existem cadeias inteiras de mais de um músculo unidas por um único conjunto de fáscias específicas. Elas podem ser o caminho para se descobrir a causa de dores que atrapalham o dia-a-dia.
A ATM não deve mais ser vista exclusivamente parte do aparelho mastigatório, mas, sim, como uma estrutura que participa do corpo todo e também dos processos respiratório, bioquímico e emocional (STEENKS; WIJER, 1996).

Ser capaz de identificar se os problemas são ascendentes (da coluna para a cabeça) ou descendentes (da cabeça para a coluna) é o grande passo para o tratamento do paciente.

Conforme Vieira et al. (2004) devido à relação existente entre os músculos da cabeça e da cervical com o sistema estomatognático, iniciaram-se estudos que visavam confirmar que alterações posturais da cabeça e de toda coluna vertebral poderiam levar a um processo de desvantagem biomecânica da ATM, levando a um quadro de disfunção temporomandibular

Um exemplo disso é a alteração postural global do paciente tendo como origem a má postura mandibular. Isto porque a caixa craniana se equilibra em duas articulações: uma é a ATM e a outra é a articulação do crânio com a coluna cervical (BUTLER, 2003).

Além disso, o sistema estomatognático está diretamente conectado ao sistema muscular por intermédio dos músculos da abertura da boca e do osso hióide, que apresenta um papel importante como pivô entre a ATM e a coluna cervical (BRICOT, 2004).


Há também uma ligação da ATM com a coluna cervical através da musculatura que serve de contra-apoio à oclusão e deglutição: ECOM, trapézio, peitorais, etc. (BRICOT, 2004).


Quando a mandíbula se encontra fora da posição fisiológica, pode ocorrer alteração na posição do crânio e conseqüentemente alteração na relação do crânio com a coluna cervical e em toda a coluna vertebral. Com isso o paciente pode ter além de dores faciais, cefaléias, cervicalgias e cervicobraquialgias, dores lombares, dores nas pernas e pés (BRICOT, 2004; STEENKS; WIJER, 1996).

O equilibrio das conexões musculares entre o crânio, a mandíbula, o osso hioíde inferior e o esterno seu efeito resultante sobre a postura da cabeça através dos músculos do pescoço por sobre o fulcro das vértebras cervicais encontra-se esquematizado. Um desequilíbrio entre e/ou estruturas pode causar uma acomodação muscular do grupo antagosnista ou dando a estrutural à dentição, à ATM ou a ambos (SALOMÃO, 2001)

O papel que a ortodontia exerce no sistema postural é imenso, podendo ser benéfico ou não. O simples fato de alinhar um dente não é algo sem conseqüência para o sistema postural. Estudos sobre a escoliose concluíram que grande parte delas ocorreu após a colocação de um aparelho ortodôntico (WODA, 1977; MEYER e BARON, 1976).

De acordo com ROCABADO (1982), tem sido relatado que vários pacientes com disfunção craniomandibular sofrem, de disfunção craniocervical. A falha de reconhecer e tratar a disfunção craniocervical na conjunção com a terapia craniomandibular sempre resulta no relapso da articulação temporomandibular nos pacientes reabilitados. 

Uma alteração postural comum é o posicionamento anterior da cabeça. Esta posição leva a hiperextensão da cabeça sobre o pescoço, com retrusão da mandíbula, podendo causar dor e disfunção na cabeça e pescoço. (ARELLANO, 2002). 

Esses problemas podem induzir disfunção, seja favorecendo a fadiga dos músculos cervicais, aparecimento das áreas de disparo (trigger points) e indução de dores craniofaciais seja determinando um deslocamento do osso hióide e, indiretamente uma alteração de posição postural da mandíbula (MONGINI, 1998)

Esta posição leva a hiperextensão da cabeça sobre o pescoço, quando o paciente corrige para as necessidades visuais, flexão do pescoço sobre o tórax, e migração posterior da mandíbula. Estes fatores podem levar a dor e disfunção na cabeça e pescoço (GOULD, 1993)

Inúmeros trabalhos tem demostrado influência das Desordens da ATM como causas de cervcalgias e vice-versa. A postura de projeção anterior da cabeça leva a compressão de estruturas nervosas, miofasciais, alterando a curvatura fisiológica cervical, desestruturando cintura escapular, levando à progressão do desequilíbrio postural.
A partir dos dados acima, pode-se entender que no tratamento de uma lesão em coluna cervical e/ou da ATM deve-se levar em consideração não só a cervical e/ou a ATM, mas também, os ossos do crânio e, o sistema postural, entre outros.


DR ANTONIO VIANA C JUNIOR (fisioterapeuta)

Especialista em Fisioterapia Traumato-Ortopédica

Tratamento de Disfunções da ATM

Pós- Operatório de Cirurgias Ortognátcas

Dores da Col. Vertebral
(85) 8845-9623/9955-7355

vianajunior@antonioviana.com.br

REFERÊNCIAS
01. ADLER; BECKERS; BUCK PNF – Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva – Um guia ilustrado. São Paulo: Manole, 2001.
02. BRICOT, B. Posturologia. São Paulo: Ícone, 2004.
03. BUTLER, D. S. Mobilização do Sistema Nervoso. São Paulo: Manole, 2003.
04. CLAY, J. H.; POUNDS, D. M. Massoterapia Clínica – Integrando anatomia e tratamento. São Paulo: Manole, 2003.
05. KAPANDJI. I. A. O tronco e a coluna vertebral. São Paulo: Manole, 2001.
06. MARZOLA, T. N. Classificação tipológica de pacientes – contribuição da psicologia à odontologia. Monografia para bacharel em psicologia apresentada na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “Sagrado Coração de Jesus”. Bauru, 1974.
07. MARZOLA-TEDESCHI, F. PASQUAL-MARQUES, A. MARZOLA, C. Contribuição da fisioterapia para a odontologia nas disfunções da articulação temporomandibular. Rev. Odonto Ciência, v. 17, n. 36, p.119-34, abr.,/jun., 2002.
08. MEYER, J. BARON, J. B. Participation des afferénces trigéminales à la regulation tonique posturale. Aspects statiques et dynamiques. Agressologie. v. 17, p. 33-40, 1976.09. PERES, A. C.; PERES, R. L. Postura e oclusão – uma relação de interdependência. Jornal APCD, 26/04/2002 (artigo retirado do site www.ortoperfil.com.br).
10. SOUCHARD, P.; OLIVER, M. As Escolioses. São Paulo: E Realizações, 2001.
11. STEENKS, M. H.; WIJER, A. Disfunções da ATM – Ponto de vista da fisioterapia e da odontologia. São Paulo: Ed. Santos, 1996.
12. SUMWAY-COOK, A.; WOOLLACOTT, M. H. Controle Motor – teoria e aplicações práticas. São Paulo: Manole, 2003.
13. WODA, A.; VIGNERON, P. Contacts occlusaux. CDP v. 19, p. 61-81, 1977.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Manifestações otológicas nos distúrbios da articulação temporomandibular

Os distúrbios da articulação temporomandibular (DTM) são causas importantes de morbidade na população em geral, tornando-se mais importantes quando ocasionam sintomas otológicos.
Foram consultados trabalhos publicados na área de estudo com a pretensão de demonstrar a relação entre estas disfunções articulares, hábitos parafuncionais associados a sintomas otológicos.
Por mais que não seja totalmente conhecida a exata correlação entre os DTM e a sintomatologia otológica, encontram-se com grande freqüência sintomas como otalgia (na maioria dos estudos), tinitus, plenitude auricular, vertigem e tontura em pacientes portadores destas alterações articulares.
Prevalece nos indivíduos do sexo feminino e na quarta década de vida. Mesmo com esta correlação, o mecanismo etiológico é de difícil avaliação e intervenção. É de fundamental importância um acompanhamento multiprofissional, bem como um maior número de estudos, para determinar e reconhecer os mecanismos envolvidos na relação entre articulação temporomandibular e sintomas otológicos.
A articulação temporomandibular (ATM), sua relação anatômica e disfunção tem sido tema controverso dentro do campo da medicina, principalmente quando as repercussões destas alterações são causas de sintomas otológicos. As desordens temporomandibulares (DTM) são definidas como um termo coletivo envolvendo problemas clínicos, articulação temporomandibular e estruturas associadas, ou ambos. Disfunção significa ausência ou anormalidade das funções de um sistema. Existem alguns fatores podem levar alguém a ter disfunção da articulação temporomandibular, dentre eles: a oclusão, a falta de dentes, restauração ou prótese mal adaptada, mastigação unilateral, hábitos bucais anormais, má postura, tensão emocional entre outros. Portanto, para conseguir realizar um diagnóstico efetivo, deve se conhecer a história do paciente minuciosamente, avaliando condições psicológicas; níveis de resistência à tensão emocional; existência, freqüência e intensidade de bruxismo; dores e sensações em órgãos adjacentes a ATM (ouvido, olhos,...) e respiração
Anatomicamente a região da ATM está muito próxima ao meato acústico externo, bem como, a inter-relação de suas artérias, veias e nervos. Assim, quando bem posicionada dentro da fossa mandibular, a ATM tem ótima relação com o ouvido.
Porém, se receber qualquer força oclusal ou alteração fisiológica e sofrer um deslocamento poderá prejudicar as estruturas anatômicas adjacentes, provocando diversas conseqüências ao indivíduo
Conforme relatam JACOB et al, existem autores que relacionam à perda de dentes superiores com o deslocamento do côndilo mandibular em direção a parte posterior do tímpano, provocando sua reabsorção, dessa forma, provocaria compressão da tuba auditiva, pressão no nervo corda do tímpano e/ou pressão no nervo aurículo-temporal, que justificariam os sintomas auditivos. Porém, este mesmo estudo mostra que outros autores discordam, pois dizem não ser possível o pressionamento do nervo aurículo-temporal pelo côndilo nestas condições anatômicas
Sinais e Sintomas Otológicos:
Os sintomas mais descritos foram: dor intra-articular, espasmo muscular, dor intra-articular combinada com espasmos musculares, dor reflexa, dor na abertura e fechamento da mandíbula, dor irradiada na área de temporal, masseterina ou infraorbital; crepitação; dor ou zumbido no ouvido; dor irradiada no pescoço; dor de cabeça crônica; sensação de tamponamento do ouvido; xerostomia dentre outros
Verificam-se também correlações significantes entre o grau de sintomas otológicos e o grau de sinais/sintomas orofaciais da DTM. Indivíduos com dores mais graves ou intensas na musculatura e ATM são mais propensos à otalgia e ao zumbido. Também a dor cervical correlacionase positivamente com os sintomas otológicos. A exata relação entre DTM e sintomas otológicos ainda não é conhecida. A questão tem sido explicada com base na relação embriológica, anatômica e funcional da região que compreende as ATMs, a musculatura inervada pelo trigêmeo e as estruturas da orelha média. Dentre outras coisas, tem sido sugerido que as alterações musculares em pacientes com DTM, como o espasmo do músculo pterigóideo lateral, levam a hipertonia do músculo tensor do tímpano, causando alterações no ciclo de abertura da tuba auditiva e conseqüente à redução na ventilação da orelha média. No entanto, alguns autores contestam esta hipótese. Interferências na região da fissura petrotimpânica, por onde passam o nervo corda do tímpano, a artéria timpânica e o ligamento disco-maleolar, poderiam também causar sintomas otológicos
Em certos casos, considera-se que uma configuração plana da eminência articular levaria ao deslizamento do côndilo da mandíbula contra o ligamento esfenomandibular, desencadeando a disfunção do sistema neuromuscular e provocando alterações no reflexo protetor durante a deglutição, o que inibiria a abertura da tuba auditiva e reduziria a ventilação na orelha média. Os sintomas otológicos são associados de forma significante com dificuldades nos movimentos mandibulares e nas funções estomatognáticas. A otalgia apresenta associação com a percepção de dificuldade para falar, abrir e fechar a boca. A plenitude auricular foi associada com a dificuldade para falar.
A significância entre otalgia e dor muscular em todos os músculos palpados, à exceção do músculo trapézio e temporal médio, corrobora a afirmação de que a dor referida na orelha poderia provir de qualquer estrutura entre a cabeça e o pescoço, que participa das conexões nervosas entre osso temporal e região periauricular. Isto habilita qualquer músculo que tenha inserção nas proximidades do ouvido, e que apresente alterações no tônus, a causar dor. Portanto, o espasmo doloroso dos músculos da face poderá prover esse sintoma. A tontura apresenta significância para dor em esternocleidomastóideo, masseter e pterigóideo medial. Este sintoma, relatado na DTM, poderia ser justificado pela alteração de contratilidade nos músculos antigravitários, dos quais o esternocleidomastóideo e o masseter fazem parte, uma vez que, quando as aferëncias dos órgãos labirínticos, da visão e da propriocepção dos músculos, enviam mensagens discordantes ao sistema nervoso central, cerebelo, formação reticular e córtex cerebral, desenvolve-se a sensação de tontura
Hipoacusia e sons articulares: Os sons articulares são achados comuns mesmo numa população assintomática. Assim, a presença de ruídos articulares não necessariamente indica presença de patologias articulares ou disfunção
A ausência de anormalidade nas audiometrias comprova que eles não apresentam perda auditiva relacionada à desordem temporomandibular.
O diagnóstico e o tratamento da disfunção da ATM são muito controversos, bem como a relação destes com os sintomas otológicos. Acredita-se na importância do trabalho multidisciplinar (médicos otorrinolaringologistas, dentistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e psicólogos) nos pacientes onde há complexidade de patologia para melhor condução terapêutica dos pacientes com essas afecções.


Manifestações otológicas nos distúrbios da articulação temporomandibular
Ruysdael Zocoli1, Eduardo Moeller Mota2, Alessando Sommavilla2, Ricardo Luiz Perin2

Referências Bibliográficas:
1. MARCHESAN, IQ. Motricidade Oral: visão clínica do trabalho fonoaudiológico integrado com outras
especialidades. 2. ed. São Paulo: Pancast, 1999.
2. MEIRA, Gisele SP. DTM x Problemas Otológicos.AONP Online - Revista nº 07, outubro/novembro
2001. www.aonp.org.br/fso/revista7/rev712a.htm - acesso em 26/04/06
3. FELICIO, C. M, et al. Desordem temporomandibular: relações entre sintomas otológicos e orofaciais.
Revista brasileira de otorrinolaringologia. V.70, n.6, 786-93, nov/dez 2004.
4. PEREIRA, K. N. F. et al. Sinais e sintomas de pacientes com disfunção temporomandibular.Revista CEFAC, São Paulo, v.7, n.2, 221-228, abr/jun, 2005.
5. MANFREDI, A. P. S., DA SILVA, A A, VENDITE, L. L. Avaliação da sensibilidade do questionário de
triagem para dor orofacial e desordens temporomandibulares recomendado pela Academia Americana de Dor Orofacial. Revista brasileira de otorrinolaringologia. V.67, n.6, 763-8, nov/dez 2001.
6. PASCOAL, M. I. N. et al. Prevalência dos sintomas otológicos na desordem temporomandibular: estudo
de 126 casos. Revista brasileira de otorrinolaringologia. V.65, n .5, p627-33, set/out 2001.
7. CONTI, P. C. R., MIRANDA, J. E. S., ORNELAS, F. Ruídos articulares e sinais de disfunção
temporomandibular: um estudo comparativo por meio de palpação manual e vibratografia computadorizada da ATM. Pesqui Odontol Bras, v14, n.4, p.367-71, out/dez 2000.
8. CONTI, A., et al. Relationship between signs and sumptoms of temporomandibular disorders and
orthodontic treatment: a cross-sectional study. Angle orthodontist. Vol 73, n4, p 411-17, 2003.
9. D’ANTONIO, W. E. P. A., et al. Distúrbio temporomandibular como causa de otalgia: um estudo clínico. Revista brasileira de otorrinolaringologia. V.66 n.1, p46-50, jan/fev 2000.
10. GUTIÉRREZ, J. X. D. Et al. Sinais e sintomas auditivos nas alterações biomecânicas da articulação
temporomandibular. Arquivos fundação otorrinolaringologia. Vol 5, n.2. p71-76, jun 2001.
11. FELICIO, C. M., et al. Alterações auditivas relacionadas ao zumbido nos distúrbios otológicos
e da articulação temporomandibular. Revista brasileira de otorrinolaringologia. V.65, n.2, 141- 46, mar/abr 1999.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Cervicalgias - Saiba Mais

A coluna vertebral é uma série de ossos individuais, chamados vértebras que, ao serem articulados, constituem o eixo central esquelético do corpo. A coluna cervical é composta por 7 vertebras e entre cada uma delas um disco intervertebral. sendo a primeira vertebra cervical chamada de Atlas, e a segunda de Áxis, pois ambas apresentas características peculiares em relação as outras vertebras cervicais.
Segundo Bienfait (2000), a coluna cervical tem anatomia e fisiologia diferentes da lombar e dorsal. Funcionalmente apresenta necessidades especiais que determinam anatomia e fisiologia. A posição da cabeça coordena todo o nosso equilíbrio.

Dentre as principais funções estáticas pode-se destacar a manutenção vertical e a horizontalidade do olhar. A manutenção da verticalidade da cabeça é controlada pelo sistema labiriíntico-vestibular e o circuito reflexo óculo-cefalo-podálico.

A fisiologia cervical tem, assim, 2 funções: equilibrar a cabeça para proteger sua verticalidade e realizar movimentos com a cabeça para dirigir a visão. A coluna cervical adapta-se à verticalidade e aos movimentos da cabeça em um sistema descendente e todos os movimentos da cervical originam ou acompanham movimentos do tronco. Isto tudo faz com que a cervical seja o compartimento mais móvel da coluna vertebral.
A coluna cervical superior é constituída por 2 sistemas articulares: a articulação occipito-atloidiana (C0-C1) e a articulação atlas-áxis (C1-C2). Cada articulação tem um movimento principal: flexão e extensão para a articulação superior e rotação para a articulação inferior

Esta grande amplitude de movimento da coluna cervical, se adequa às exigências funcionais do cotidiano, e em função de uso intenso, via de regra, este compartimento apresenta fortes dores inclusive com irradiação para MMSS e cabeça

As cervicalgias são comuns em diversas faixas etárias de ambos os sexos, possuindo elevada predominância nas síndromes dolorosas corporais, sendo a segunda maior causa de dor na coluna vertebral, perdendo apenas para a dor lombar. A cervicalgia acomete um número considerável de indivíduos, com média de 12% a 34% da população adulta em alguma fase da vida, com maior incidência no sexo feminino, trazendo prejuízos nas suas atividades de vida diária.

A cervicalgia (dor cervical) costuma ser insidiosa, sem causa aparente. Raramente tem início abrupto, geralmente associam-se com posições viciosas, movimentos exacerbados, longos períodos em posições de tensionamento ou estiramento muscular e até mesmo alterações da ATM (articulação têmporo-mandibular).


A cervicobraquialgia caracteriza-se por dor cervical com irradiação para membro superior, normalmente devido à compressão da raiz nervosa proveniente da região cervical sub-axial. Trabalhos que envolvam movimentos repetitivos de membros superiores e flexão da coluna cervical estão relacionados à dor cervical
O quadro clínico compõem-se da região cervical dolorida, limitação dos movimentos, cervicobraquialgia e diminuição da força dos membros superiores


Sinais e sintomas das radiculopatias cervicais
Disco Raiz Sinais e sintomas
C2 -C3 C3 Dor: região cervical posterior, mastóide
Alt. sensoriais: região cervical posterior, mastóide
Déficit motor: nenhum detectável pela ENMG
Alt. reflexos: nenhum
C3 - C4 C4 Dor: região cervical posterior, elevador escápula
Alt. sensoriais: cervical posterior, elevador escápula
Déficit motor: nenhum detectável pela ENMG
Alt. reflexos: nenhum
C4 - C5 C5 Dor: pescoço, ombro, face anterior do braço
Alt. sensoriais: área do deltóide
Déficit motor: deltóide, bíceps
Alt. reflexos: bicipital
C5 - C6 C6 Dor: pescoço, ombro, escápula (medial), braço (lateral) antebraço
Alt. sensoriais: polegar e indicador
Déficit motor: bíceps
Alt. reflexos: bicipital
C6 - C7 C7 Dor: pescoço, ombro, escápula (medial), braço (lateral)face dorsal anterior
Alt. sensoriais: indicador, III e IV dedos
Déficit motor: tríceps
Alt. reflexos: tricipital
C7 - T1 C8 Dor: pescoço, escápula (medial), braço (medial) antebraço
Alt. sensoriais: IV e V dedos
Déficit motor: musculatura intrínseca da mão
Alt. reflexos: nenhum

DIAGNÓSTICO

 O diagnóstico depende da história antecedentes pessoais e familiares, exame clínico, e a seguir segundo o raciocínio médico, são solicitados exames subsidiários.

EXAMES COMPLEMENTARES

RX Simples
Está indicado para indivíduos com mais de 50 anos, com manifestações neurológicas, suspeita de doença tumoral, histórias de crise repetidas ou  falhas do tratamento clínico. As posições a serem solicitadas são: frente, perfil (neutra, flexão, extensão), oblíquas esquerda/direita.
Podem ser observadas reduções do espaço discal e osteófitos (šbicos de papagaioš) na margem vertebral, especialmente na região anterior. A invasão de osteófitos no forâmen intervertebral é melhor demonstrada nas projeções oblíquas.


Tomografia Computadorizada
Está indicada no estudo de traumatismos e doenças ósseas. É útil para medida do canal vertebral e o forame de conjugação. 

Ressonância Magnética
Opção preferencial para detecção de patologias de partes moles tais como hérnia de disco e tumores. 

Cintilografia Óssea

Exame em que uma pequena quantidade de material radioativo é injetada no sistema sanguíneo chegando aos ossos sendo detectada por um ?scanner?. É útil para a pesquisa de metástases ósseas (pulmão, mama, próstata, tireóide, rim) e nas infecções e inflamações do disco (discite). 

Exames laboratoriais  

Velocidade de hemossedimentação e a proteína C reativa (PCR) estão elevadas em processos inflamatórios, infecciosos e neoplásicos.

Eletroneuromiografia 

Esse teste avalia os nervos e as funções musculares. É útil quando a clínica e a imagem não permitem localização do nível da compressão e também para o diagnóstico diferencial com a síndrome do túnel do carpo, na diferenciação entre processos do sistema nervoso periférico e central.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

   O diagnóstico diferencial deve ser realizado com síndrome do desfiladeiro ( síndrome compressiva neuro-vascular do plexo braquial), Pancoast (câncer do ápice do pulmão), síndrome do túnel do carpo (síndrome compressiva do nervo mediano no punho) e a periartrite do ombro (processo inflamatório inespecífico do ombro).

ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO

É notória e cade vez mais necessária a intervenção do fisioterapeuta nas disfunções ósteomioarticulares e ligamentares, dentre elas as que causam as cervicalgias. Importante uma criteriosa avaliação para evitar tão somente o tratamento do quadro álgico, e verificação da causa primária que o vem perpetuando. Importante analisar ocupação do paciente, pois uma sobrecarga postural e músculoesquelética pode cronificar o distúrbio. Se possível solicitar e orientar mudanças ergonômicas em seu ambiente de trabalho.
Observar restrições fasciais, principalmente em toda a coluna vertebral e região de cinturas escapulares, bem como uma avaliação dos desequilíbrios posturais apresentados pelo paciente.
Traçar seu plano de tratamento, elegendo os recursos eletrotermofototerapeuticos adequados a cada situação.
Inúmeras técnicas manuais podem ser utilizadas como: Osteopatia, Mulligan, Maitland, Terapia de Liberação Posicional, entre outras, podem restituir a mobilidade das estruturas cervicais, eliminando as contraturas, trigger points, disfunções de vértebras, etc.
Mobilidade dos tecidos moles através de técnicas de liberação fascial são extremamente importantes.
Tratado o quadro álgico e eliminando sua causa primária, o paciente pode entrar na fase de reequilíbrio postural, escolhendo o método que melhor lhe agradar (RPG, Pilates, Alongamentos).


Dr. ANTONIO VIANA DE CARVALHO JÚNIOR

                     (Fisioterapeuta)

Tratamento de Disfunções Ósteomioarticulares

Dores da Coluna Vertebral

Disfunções da ATM

P.O Cirurgias Ortognáticas

(85) 8845-9623/9955-7355

vianajunior@antonioviana.com.br