Estudos Clínicos tem demonstrado que a coluna cervical pode ser fonte
de dor e disfunção na área orofacial. Por outro lado, é comum
pacientes com DTM (disfunção temporomandibular), proveniente de alguma patologia na ATM, apresentarem sinais e sintomas clínicos compatíveis com desordens da coluna cervical.
Uma das razões desta ligação tão íntima entre as duas partes do corpo
são as fáscias. A fáscia superficial cervical, por exemplo, está ligada
da cervical até o quadril posteriormente ao corpo. E anteriormente, da
mandíbula até a pelve (SOUCHARD, OLIVER, 2001).
As tensões se transmitem passando de uma estrutura próxima para a
mais distante ao longo de uma cadeia miofascial (ADLER, BECKERS, BUCK,
2001).
Existem cadeias inteiras de mais de um músculo unidas por um único
conjunto de fáscias específicas. Elas podem ser o caminho para se
descobrir a causa de dores que atrapalham o dia-a-dia.
A ATM não deve mais ser vista exclusivamente parte do aparelho
mastigatório, mas, sim, como uma estrutura que participa do corpo todo e
também dos processos respiratório, bioquímico e emocional (STEENKS;
WIJER, 1996).
Ser capaz de identificar se os problemas são ascendentes (da coluna
para a cabeça) ou descendentes (da cabeça para a coluna) é o grande
passo para o tratamento do paciente.
Conforme Vieira et al. (2004) devido à relação existente entre os
músculos da cabeça e da cervical com o sistema estomatognático,
iniciaram-se estudos que visavam confirmar que alterações posturais da
cabeça e de toda coluna vertebral poderiam levar a um processo de
desvantagem biomecânica da ATM, levando a um quadro de disfunção
temporomandibular
Além disso, o sistema estomatognático está diretamente conectado ao sistema muscular por intermédio dos músculos da abertura da boca e do osso hióide, que apresenta um papel importante como pivô entre a ATM e a coluna cervical (BRICOT, 2004).
Há também uma ligação da ATM com a coluna cervical através da musculatura que serve de contra-apoio à oclusão e deglutição: ECOM, trapézio, peitorais, etc. (BRICOT, 2004).
Quando a mandíbula se encontra fora da posição fisiológica, pode ocorrer alteração na posição do crânio e conseqüentemente alteração na relação do crânio com a coluna cervical e em toda a coluna vertebral. Com isso o paciente pode ter além de dores faciais, cefaléias, cervicalgias e cervicobraquialgias, dores lombares, dores nas pernas e pés (BRICOT, 2004; STEENKS; WIJER, 1996).
O equilibrio das conexões musculares
entre o crânio, a mandíbula, o osso hioíde inferior e o esterno seu
efeito resultante sobre a postura da cabeça através dos músculos do
pescoço por sobre o fulcro das vértebras cervicais encontra-se
esquematizado. Um desequilíbrio entre e/ou estruturas pode causar uma acomodação muscular
do grupo antagosnista ou dando a estrutural à dentição, à ATM ou a ambos
(SALOMÃO, 2001)
O papel que a ortodontia exerce no sistema postural é imenso, podendo
ser benéfico ou não. O simples fato de alinhar um dente não é algo sem
conseqüência para o sistema postural. Estudos sobre a escoliose
concluíram que grande parte delas ocorreu após a colocação de um
aparelho ortodôntico (WODA, 1977; MEYER e BARON, 1976).
Uma alteração postural comum é o posicionamento anterior da cabeça. Esta posição leva a hiperextensão da cabeça sobre o pescoço, com retrusão da mandíbula, podendo causar dor e disfunção na cabeça e pescoço. (ARELLANO, 2002).
Esses problemas podem induzir disfunção, seja favorecendo a fadiga dos músculos cervicais, aparecimento das áreas de disparo (trigger points) e indução de dores craniofaciais seja determinando um deslocamento do osso hióide e, indiretamente uma alteração de posição postural da mandíbula (MONGINI, 1998)
Esta posição leva a hiperextensão da cabeça sobre o pescoço, quando o paciente corrige para as necessidades visuais, flexão do pescoço sobre o tórax, e migração posterior da mandíbula. Estes fatores podem levar a dor e disfunção na cabeça e pescoço (GOULD, 1993)
Inúmeros trabalhos tem demostrado influência das Desordens da ATM como causas de cervcalgias e vice-versa. A postura de projeção anterior da cabeça leva a compressão de estruturas nervosas, miofasciais, alterando a curvatura fisiológica cervical, desestruturando cintura escapular, levando à progressão do desequilíbrio postural.
A partir dos dados acima, pode-se entender que no tratamento de uma lesão em coluna cervical e/ou da ATM deve-se levar em consideração não só a cervical e/ou a ATM, mas também, os ossos do crânio e, o sistema postural, entre outros.
DR ANTONIO VIANA C JUNIOR (fisioterapeuta)
Especialista em Fisioterapia Traumato-Ortopédica
Tratamento de Disfunções da ATM
Pós- Operatório de Cirurgias Ortognátcas
Dores da Col. Vertebral
(85) 8845-9623/9955-7355
vianajunior@antonioviana.com.br
REFERÊNCIAS
01. ADLER; BECKERS; BUCK PNF – Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva – Um guia ilustrado. São Paulo: Manole, 2001.
02. BRICOT, B. Posturologia. São Paulo: Ícone, 2004.
03. BUTLER, D. S. Mobilização do Sistema Nervoso. São Paulo: Manole, 2003.
04. CLAY, J. H.; POUNDS, D. M. Massoterapia Clínica – Integrando anatomia e tratamento. São Paulo: Manole, 2003.
05. KAPANDJI. I. A. O tronco e a coluna vertebral. São Paulo: Manole, 2001.
06. MARZOLA, T. N. Classificação tipológica de pacientes – contribuição da psicologia à odontologia. Monografia para bacharel em psicologia apresentada na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “Sagrado Coração de Jesus”. Bauru, 1974.
07. MARZOLA-TEDESCHI, F. PASQUAL-MARQUES, A. MARZOLA, C. Contribuição da fisioterapia para a odontologia nas disfunções da articulação temporomandibular. Rev. Odonto Ciência, v. 17, n. 36, p.119-34, abr.,/jun., 2002.
08. MEYER, J. BARON, J. B. Participation des afferénces trigéminales à la regulation tonique posturale. Aspects statiques et dynamiques. Agressologie. v. 17, p. 33-40, 1976.09. PERES, A. C.; PERES, R. L. Postura e oclusão – uma relação de interdependência. Jornal APCD, 26/04/2002 (artigo retirado do site www.ortoperfil.com.br).
10. SOUCHARD, P.; OLIVER, M. As Escolioses. São Paulo: E Realizações, 2001.
11. STEENKS, M. H.; WIJER, A. Disfunções da ATM – Ponto de vista da fisioterapia e da odontologia. São Paulo: Ed. Santos, 1996.
12. SUMWAY-COOK, A.; WOOLLACOTT, M. H. Controle Motor – teoria e aplicações práticas. São Paulo: Manole, 2003.
13. WODA, A.; VIGNERON, P. Contacts occlusaux. CDP v. 19, p. 61-81, 1977.