Os distúrbios da articulação temporomandibular (DTM) são causas importantes de morbidade na população em geral, tornando-se mais importantes quando ocasionam sintomas otológicos.
Foram consultados trabalhos publicados na área de estudo com a pretensão de demonstrar a relação entre estas disfunções articulares, hábitos parafuncionais associados a sintomas otológicos.
Por mais que não seja totalmente conhecida a exata correlação entre os DTM e a sintomatologia otológica, encontram-se com grande freqüência sintomas como otalgia (na maioria dos estudos), tinitus, plenitude auricular, vertigem e tontura em pacientes portadores destas alterações articulares.
Prevalece nos indivíduos do sexo feminino e na quarta década de vida. Mesmo com esta correlação, o mecanismo etiológico é de difícil avaliação e intervenção. É de fundamental importância um acompanhamento multiprofissional, bem como um maior número de estudos, para determinar e reconhecer os mecanismos envolvidos na relação entre articulação temporomandibular e sintomas otológicos.
Por mais que não seja totalmente conhecida a exata correlação entre os DTM e a sintomatologia otológica, encontram-se com grande freqüência sintomas como otalgia (na maioria dos estudos), tinitus, plenitude auricular, vertigem e tontura em pacientes portadores destas alterações articulares.
Prevalece nos indivíduos do sexo feminino e na quarta década de vida. Mesmo com esta correlação, o mecanismo etiológico é de difícil avaliação e intervenção. É de fundamental importância um acompanhamento multiprofissional, bem como um maior número de estudos, para determinar e reconhecer os mecanismos envolvidos na relação entre articulação temporomandibular e sintomas otológicos.
A articulação temporomandibular (ATM), sua relação anatômica e disfunção tem sido tema controverso dentro do campo da medicina, principalmente quando as repercussões destas alterações são causas de sintomas otológicos. As desordens temporomandibulares (DTM) são definidas como um termo coletivo envolvendo problemas clínicos, articulação temporomandibular e estruturas associadas, ou ambos. Disfunção significa ausência ou anormalidade das funções de um sistema. Existem alguns fatores podem levar alguém a ter disfunção da articulação temporomandibular, dentre eles: a oclusão, a falta de dentes, restauração ou prótese mal adaptada, mastigação unilateral, hábitos bucais anormais, má postura, tensão emocional entre outros. Portanto, para conseguir realizar um diagnóstico efetivo, deve se conhecer a história do paciente minuciosamente, avaliando condições psicológicas; níveis de resistência à tensão emocional; existência, freqüência e intensidade de bruxismo; dores e sensações em órgãos adjacentes a ATM (ouvido, olhos,...) e respiração
Anatomicamente a região da ATM está muito próxima ao meato acústico externo, bem como, a inter-relação de suas artérias, veias e nervos. Assim, quando bem posicionada dentro da fossa mandibular, a ATM tem ótima relação com o ouvido.
Porém, se receber qualquer força oclusal ou alteração fisiológica e sofrer um deslocamento poderá prejudicar as estruturas anatômicas adjacentes, provocando diversas conseqüências ao indivíduo
Porém, se receber qualquer força oclusal ou alteração fisiológica e sofrer um deslocamento poderá prejudicar as estruturas anatômicas adjacentes, provocando diversas conseqüências ao indivíduo
Conforme relatam JACOB et al, existem autores que relacionam à perda de dentes superiores com o deslocamento do côndilo mandibular em direção a parte posterior do tímpano, provocando sua reabsorção, dessa forma, provocaria compressão da tuba auditiva, pressão no nervo corda do tímpano e/ou pressão no nervo aurículo-temporal, que justificariam os sintomas auditivos. Porém, este mesmo estudo mostra que outros autores discordam, pois dizem não ser possível o pressionamento do nervo aurículo-temporal pelo côndilo nestas condições anatômicas
Sinais e Sintomas Otológicos:
Os sintomas mais descritos foram: dor intra-articular, espasmo muscular, dor intra-articular combinada com espasmos musculares, dor reflexa, dor na abertura e fechamento da mandíbula, dor irradiada na área de temporal, masseterina ou infraorbital; crepitação; dor ou zumbido no ouvido; dor irradiada no pescoço; dor de cabeça crônica; sensação de tamponamento do ouvido; xerostomia dentre outros
Verificam-se também correlações significantes entre o grau de sintomas otológicos e o grau de sinais/sintomas orofaciais da DTM. Indivíduos com dores mais graves ou intensas na musculatura e ATM são mais propensos à otalgia e ao zumbido. Também a dor cervical correlacionase positivamente com os sintomas otológicos. A exata relação entre DTM e sintomas otológicos ainda não é conhecida. A questão tem sido explicada com base na relação embriológica, anatômica e funcional da região que compreende as ATMs, a musculatura inervada pelo trigêmeo e as estruturas da orelha média. Dentre outras coisas, tem sido sugerido que as alterações musculares em pacientes com DTM, como o espasmo do músculo pterigóideo lateral, levam a hipertonia do músculo tensor do tímpano, causando alterações no ciclo de abertura da tuba auditiva e conseqüente à redução na ventilação da orelha média. No entanto, alguns autores contestam esta hipótese. Interferências na região da fissura petrotimpânica, por onde passam o nervo corda do tímpano, a artéria timpânica e o ligamento disco-maleolar, poderiam também causar sintomas otológicos
Em certos casos, considera-se que uma configuração plana da eminência articular levaria ao deslizamento do côndilo da mandíbula contra o ligamento esfenomandibular, desencadeando a disfunção do sistema neuromuscular e provocando alterações no reflexo protetor durante a deglutição, o que inibiria a abertura da tuba auditiva e reduziria a ventilação na orelha média. Os sintomas otológicos são associados de forma significante com dificuldades nos movimentos mandibulares e nas funções estomatognáticas. A otalgia apresenta associação com a percepção de dificuldade para falar, abrir e fechar a boca. A plenitude auricular foi associada com a dificuldade para falar.
A significância entre otalgia e dor muscular em todos os músculos palpados, à exceção do músculo trapézio e temporal médio, corrobora a afirmação de que a dor referida na orelha poderia provir de qualquer estrutura entre a cabeça e o pescoço, que participa das conexões nervosas entre osso temporal e região periauricular. Isto habilita qualquer músculo que tenha inserção nas proximidades do ouvido, e que apresente alterações no tônus, a causar dor. Portanto, o espasmo doloroso dos músculos da face poderá prover esse sintoma. A tontura apresenta significância para dor em esternocleidomastóideo, masseter e pterigóideo medial. Este sintoma, relatado na DTM, poderia ser justificado pela alteração de contratilidade nos músculos antigravitários, dos quais o esternocleidomastóideo e o masseter fazem parte, uma vez que, quando as aferëncias dos órgãos labirínticos, da visão e da propriocepção dos músculos, enviam mensagens discordantes ao sistema nervoso central, cerebelo, formação reticular e córtex cerebral, desenvolve-se a sensação de tontura
Hipoacusia e sons articulares: Os sons articulares são achados comuns mesmo numa população assintomática. Assim, a presença de ruídos articulares não necessariamente indica presença de patologias articulares ou disfunção
A ausência de anormalidade nas audiometrias comprova que eles não apresentam perda auditiva relacionada à desordem temporomandibular.
O diagnóstico e o tratamento da disfunção da ATM são muito controversos, bem como a relação destes com os sintomas otológicos. Acredita-se na importância do trabalho multidisciplinar (médicos otorrinolaringologistas, dentistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e psicólogos) nos pacientes onde há complexidade de patologia para melhor condução terapêutica dos pacientes com essas afecções.
Manifestações otológicas nos distúrbios da articulação temporomandibular
Ruysdael Zocoli1, Eduardo Moeller Mota2, Alessando Sommavilla2, Ricardo Luiz Perin2
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